sei dum pinheiro que pinta
de sombra a casa de cal
não lhe fica cara a tinta
rouba a do sol que há no vale
sei que num vale um pinheiro
chamou-se noite de dia
curvou o seu corpo inteiro
sobre a cal da moradia
sei que de cal uma casa
toldou-se-lhe o céu sem dó
uma sombra cai e arrasa-a
de tão negra, fica só
sei dum vale muito gelado
onde nem a água corre
e fria, no rio parado
veste-se de terra e morre
sei duma casa sozinha
num vale onde vai ninguém
foi-se a cal que a casa tinha
sumiu-se a casa também
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