domingo, 27 de março de 2011

O eixo da noite

Noite, cortina, cabelo ondulante,
vidraça de mar,
poiso de mulher,
baloiço de agravo e de amanso em véspera de sangue.
A noite exemplar é uma arma apontada
ao queixo que roça
o gatilho, a mão,
o cano na boca
que um beijo fulmina
na rebentação
detrás da cortina indiferente.

O eixo da noite é uma janela suada que hidrata os meus olhos encostados.

Hoje o mar é só um fundo de mar
e os meus olhos são o fundo dos meus olhos.

No fundo da noite carreguei os meus olhos
com a água pesada deste mar e caminho
a rua deserta
até me afundar nas pedras.

Para acabar de vez com a poesia: Adília Lopes

No final de cada poema interrogar
e o que é que tu queres que eu te faça?