terça-feira, 24 de novembro de 2015

Epitáfio


"Somos o que escolhemos ser."
(Bazófia)

"Somos apenas cúmplices da nossa inabilidade
e dos ornamentos com que a revestimos
para parecer que somos e ser o que parecemos" 
(António Ramos Rosa, Chamo pátria de profundas veias)

Não abandono o meu país. E no entanto não o oiço.
A audição é o sentido da redundância.

Não abandono o meu país, disse do outro lado da fronteira.
Por isso exorto a sair dele, claro que num certo contexto,
o mesmo em que disse não abandono o meu país sem saber onde estava.

Não abandono o meu país, disse o atlântida
talhando a lápide num restaurante tibetano à espera de melhores dias.

Não abandono o meu país, implorou o surdo
para que mais alto lhe dissessem onde fica.
Se ouviu ou não, é redundante.