sábado, 3 de julho de 2010

hipoteca

este é o meu último poema de amor
acabo hoje todos os poemas
de amor são os últimos porque
todos os poemas de amor são golpes violentos
- lâminas em sangue, caídas depois de vincadas
as linhas das mãos -
a vingança redige todos os poemas

este é o meu último poema laminado
e hoje deixa de ser meu
não tenho nada, as mãos exangues
pago uma renda para morrer todos os meses
existo por contrato
e todos os meus gestos, os meus passos
as perguntas, os papéis, a vingança, o amor-
-próprio
ficaram registados em teu nome

pago o resgate morrendo cada dia um dia mais
que todos os outros
no silêncio que é o fio e o fim do poema
da vingança, do amor
as últimas coisas

este é o meu último poema de amor
que acaba assim:

2 comentários:

  1. Hello! Não conhecia o teu blog mas agora vou começar a dar uma vista de olhos.
    Este e outros poemas estão muito bons!
    Força nisso.
    Ricardo

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  2. Muito bom era combinarmos uma vista de olhos pelos sítios vegetarianos cá do burgo!

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