segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Contra Miguel Real (1): contra uma censura da leitura


Em "O romance português contemporâneo 1950-2010" (Caminho, 2012), o ensaista Miguel Real diz:

“Um grande romance deixa o leitor a habitar uma terra de ninguém ideológica ou um deserto mental de que não sabe como sair, forçando-o a repensar partes ou a totalidade da sua existência.” (pág. 37)

Eu diria:

Um grande romance pode deixar o leitor a habitar uma terra de ninguém ideológica, uma terra de alguém ideológica, a sua própria terra ideológica ou até mesmo terra nenhuma, ou um deserto mental de que não sabe ou sabe como sair, forçando-o a repensar partes ou a totalidade da existência do romance, e no limite da sua.

Dito isto, apenas concordo com o emprego do verbo forçar: um grande romance força o leitor ao espanto.

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