domingo, 31 de julho de 2011

Octavio Paz e a poesia

"Passaram os anos. Continuei a escrever poemas que, com frequência, eram poemas de amor. Neles apareciam, como frases musicais recorrentes - também como obsessões -, imagens que eram a cristalização das minhas reflexões."

"Para mim a poesia e o pensamento são um sistema de vasos comunicantes. A fonte de ambos é a minha vida: escrevo acerca do que vivi e vivo. Viver é também pensar e, às vezes, atravessar essa fronteira na qual pensar e sentir se fundem: a poesia."

"Sem dúvida, a poesia é feita de palavras enlaçadas que lançam reflexos, cintilações e cambiantes: o que nos mostra são realidades ou espelhismos? Rimbaud disse: Et j´ai vu quelquefois ce que l´homme a cru voir. Fusão de ver e crer. Na conjunção destas duas palavras está o segredo da poesia e dos seus testemunhos: aquilo que o poema nos mostra não o vemos com os nossos olhos de carne mas com os do espírito. A poesia faz-nos tocar o impalpável e escutar a maré do silêncio cobrindo uma paisagem devastada pela insónia. O testemunho poético revela-nos outro mundo dentro deste mundo, o mundo outro que é este mundo."

in A Chama Dupla - amor e erotismo. Octavio Paz (Assírio & Alvim, 1995).

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