terça-feira, 2 de novembro de 2010

Sobre "O corvo" de Edgar Allan Poe

"Aqui, portanto, posso dizer que o meu poema encontrara o seu começo - pelo fim, como deveriam começar todas as obras de arte, porque foi então, exactamente neste ponto das minhas considerações preparatórias, que, pela primeira vez, pousei a pena no papel para compor a estância seguinte:

- Profeta - disse eu -, ente de desgraça! No entanto profeta, pássaro ou demónio!
Pela abóboda celeste que nos cobre as cabeças... pelo Deus que ambos adoramos!
Diz a esta alma cheia de tormento se no Paraíso
Lhe será permitido estreitar a si a santa jovem que, entre os Anjos, se chama Lenora,
Estreitar a si a única e radiosa jovem que, entre os Anjos, se chama Lenora?
O corbeau disse: - Nunca mais."

in A Filosofia da Composição, Edgar Allan Poe (em análise à génese do poema O corvo). Tradução de Fernando Pessoa (O corvo e outros poemas, Ulmeiro, 4ª edição, 1999).

Nesta análise, Poe apenas não explicita por que excluiu o nome da adorada na versão final do poema, permitindo-nos assim interpretações livres, ora técnicas, ora psicanalíticas.

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