sexta-feira, 2 de julho de 2010

oposição e conservadorismo

"Poderíamos dizer que a vida é sempre - intrinsecamente - uma autocrítica. Mas [Paul] Valéry parece sugerir que a vida moderna acelerou esta crítica a tal ponto que a realização do objectivo anteriormente perseguido desacredita e ridiculariza a necessidade (denunciando a sua modéstia imperdoável), em vez de a satisfazer. Podemos dizer que quando a satisfação das necessidades se torna uma adição, deixa de haver montante de satisfação capaz de continuar a satisfazer. A partir de um certo limiar crítico de velocidade, a satisfação torna-se inconcebível - e então é a aceleração em si própria, mais do que a acumulação de vantagens, que se torna alvo da procura. Em circunstâncias assim, a oposição entre conservadorismo e criação, preservação e crítica, soçobra. (A implosão da oposição é muito adequadamente significada pela ideia de reciclagem, que combina a preservação com a renovação, a rejeição com a afirmação.) Ser conservador é manter o ritmo da aceleração. Ou, melhor ainda: manter, preservar a tendência da aceleração no sentido de se auto-acelerar..."

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