domingo, 27 de junho de 2010

"The Fire". Cobolt

O interesse estava no descobrir, chegar lá e fruir antes de se tornar num lugar comum. Hasteada a bandeira, partia-se em demanda de novos arquipélagos. Era a segunda metade dos Anos 90, o bote e um só remo num estreito prestes a despejar-se neste mar infinito. O infinito é o móbil da memória, o vinco que anima ora desconsola os braços.

"I Thought you were someone else" constava na demo de uma edição espanhola da Rock Sound. Depois vieram duzentos contos da venda de uns eucaliptos, antecipando um computador ainda a tempo do Audiogalaxy explicar que ter mais um remo ajudaria a minimizar o risco de navegação em círculo, não o inevitável de me circundar nos meus próprios vínculos. Posto isto, as importações seguras das rodelas.

Cobolt é expressão desta navegação circundante sobre um eixo móvel à deriva. É como se todos soubéssemos seguramente para onde nos dirigimos, por termos atrás de nós uma corda contínua a ligar-nos ao ponto de partida, mas por outro lado esse chão ser uma vertigem movediça e derivante a influir na rota. Trazemos connosco um cabo que se desenrola para uma origem flutuante, uma âncora impossível a regular a jornada.

Não sabemos de onde vimos. Temos apenas um cabo - as referências. De Cobolt, olhando para trás, reconstruía as imagens que os discos Spirit on Parole e Passoa projectam. Hoje, os remos esticaram o cabo até ao tema The Fire, achado em http://www.myspace.com/coboltmusic.


Desfaço-me de remos e bandeiras, estendo-me no sofá como no fundo de uma pequena embarcação e avisto o branco que limita o céu. Aninho-me com uma manta como num monte de corda, embalo na corrente desta melodia sucessiva e sorrio às gotas minerais enquanto aguardo que as derivas me enlacem o pescoço.

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