NO ESPELHO
No espelho
o olhar desaparece
às vezes desalojado
no meu próprio corpo
às vezes
angustiado
pela angústia
que rola
para lá e para cá como destroços
na rebentação
raspo com um dedo
o vidro
e oiço o mundo gritar.
*
MIL VEZES NASCIDO
[...]
71.
Se formos para o céu,
pergunta a criança,
o esqueleto também vai,
e todos os ossos que o cão comeu?
[...]
97.
Não procurem a caixa negra da poesia,
não tem respostas gravadas,
está cheia de perguntas e perguntas dos sonhos
ou de um silêncio onde é penoso entrar.
*
DEZ INVOCAÇÕES
[...]
Deus, meu Deus
estou deitado num banho de ácido
à espera de melhores tempos
[...]
Deus, meu Deus
sou um corpo
que a linguagem toca
Um grande achado, para mim, o teu blog, Dovic.
ResponderEliminarAo ler meia-duzia de poemas aqui, fui apresentada a vários bons poetas dos quais nunca ouvira falar.
Obrigada!
Um abraço