"[...] Mas a vida está cheia do seu dom original e só espera de nós um pouco de atenção - ou não bem de atenção, não bem de atenção: um pouco de humildade, de uma íntima nudez. Eu o reconheço de novo, a esse dom, nesta hora de chuva em que escrevo. Na rua deserta, ouço-a cair, expulsar da cidade os robôs da ilusão, a grandes brados de um vento sideral. [...] Eu os vejo agora, passando desorientados pela rua abandonada, fugindo, espavoridos, à invasão do silêncio."
in Carta ao Futuro. Vergílio Ferreira (Quetzal, 2010).
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